Uma das características de Obá era o extremo rancor. Ela não era de fácil reconciliação e tinha muita dificuldade de perdoar as ofensas por ela sofridas. Ela não esquecia da maldade de Oxum. Foi por causa de Oxum que ela perdera uma orelha, virando motivo de chacota de muitos desalmados. Bem que ela gostaria de esquecer de tamanha traição, mas como poderia superar o engodo?
Toda vez que passava a mão no rosto, ou se olhava nas águas de seu rio, o Odo Obá, via a mutilação provocada pela peça que Oxum lhe pregara. Obá jurou vingança. Vingar-se-ia de Oxum da forma que mais a atingisse. Logun Edé era um menino pequeno muito travesso, que morava com sua avó, Yemanjá. Ele era filho de Oxum com Inlé, o caçador aquático. Um dia, o levado garoto escapou da vigilância de Yemanjá, e foi passear pelo mundo. Andou muito, até que avistou uma senhora toda vestida de roupa de montaria, em cima de uma pedra, dentro do rio barulhento. Ela lhe perguntou seu nome. Quando ele disse que era Logun Edé, o filho de Oxum, Obá perdeu a cabeça e arquitetou um plano para afogá-lo ali mesmo, tamanho o ódio que sentia por sua rival. Seria a melhor forma de fazer a Senhora das Águas Doces sofrer. Tirar-lhe-ia o filho amado. Perguntou-lhe se ele queria andar de cavalo marinho dentro do rio. Logun Edé lhe respondeu, batendo palmas e dando vivas,que adoraria montar um cavalo marinho, mas que não devia haver nenhum ali. Os cavalos marinho moravam no mar, o domínio de sua avó. Obá pediu que ele fosse até ela, no rochedo, ela lhe emprestaria seu cavalo marinho e também um barco dourado para ele passear quando quisesse. O menino, que adorava cavalo marinho e barcos, já estava entrando nas águas do rio Obá, quando repentinamente um furacão o lançou pelos ares, conduzindo-o até a presença de Yemanjá, que dera pela falta do neto levado. De dentro do furacão saiu Oyá, a Senhora dos Ventos, que explicou á Yemanjá que Logun Edé esteve prestes a ser afogado pela rival de sua mãe. Sua irmã, Obá, que apesar de excelente pessoa estava se deixando levar pela paixão de forma reprovável. Os inocentes não devem pagar pelos pecadores.
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