terça-feira, 31 de maio de 2011

Xapanã Herda a Peste

Olodumaré decidiu distribuir seus bens. Disse a seus filhos que se reunissem e repartissem entre si as riquezas do mundo. Ogum, Exú, Orixá Ocô, Xangô, Xapanã e os outros Orixás deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas na Terra.
Num dia em que Xapanã estava ausente, os demais se reuniram e fizeram a partilha, dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor para Xapanã. Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas, outro quis os metais, outro ganhou o mar. Escolheram o ouro, o raio, o arco íris; levaram a chuva, os campos cultivados, os rios.
Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos, cada riqueza com o seu mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi a peste. Ao voltar, Xapanã não encontrou nada que lhe interessasse, só sobrara a peste, que ninguém quisera.
Xapanã guardou a peste para si, mas não se conformou com o golpe dos irmãos. Foi procurar Orunmilá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que o do outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou.
Um dia, uma doença muito contagiosa começou a espalhar-se pelo mundo. Era a varíola. O povo, desesperado, fazia sacrifícios para todos os Orixás, mas nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém, era uma mortandade. Cidades, vilas e povoados ficavam vazios, já não havia espaço nos cemitérios para tantos mortos. O povo foi consultar Orunmilá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia porque Xapanã estava revoltado, por ter sido passado para trás pelos irmãos. Orunmilá mandou fazer oferendas para Xapanã. Só ele poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.
Tinha sido essa sua única herança. Todos pediram proteção a Xapanã e sacrifícios foram realizados em sua homenagem. A epidemia foi vencida. Xapanã então era respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes.

Obá Tenta Vingar-se de Oxum

Uma das características de Obá era o extremo rancor. Ela não era de fácil reconciliação e tinha muita dificuldade de perdoar as ofensas por ela sofridas. Ela não esquecia da maldade de Oxum. Foi por causa de Oxum que ela perdera uma orelha, virando motivo de chacota de muitos desalmados. Bem que ela gostaria de esquecer de tamanha traição, mas como poderia superar o engodo? 
Toda vez que passava a mão no rosto, ou se olhava nas águas de seu rio, o Odo Obá, via a mutilação provocada pela peça que Oxum lhe pregara. Obá jurou vingança. Vingar-se-ia de Oxum da forma que mais a atingisse. Logun Edé era um menino pequeno muito travesso, que morava com sua avó, Yemanjá. Ele era filho de Oxum com Inlé, o caçador aquático. Um dia, o levado garoto escapou da vigilância de Yemanjá, e foi passear pelo mundo. Andou muito, até que avistou uma senhora toda vestida de roupa de montaria, em cima de uma pedra, dentro do rio barulhento. Ela lhe perguntou seu nome. Quando ele disse que era Logun Edé, o filho de Oxum, Obá perdeu a cabeça e arquitetou um plano para afogá-lo ali mesmo, tamanho o ódio que sentia por sua rival. Seria a melhor forma de fazer a Senhora das Águas Doces sofrer. Tirar-lhe-ia o filho amado. Perguntou-lhe se ele queria andar de cavalo marinho dentro do rio. Logun Edé lhe respondeu, batendo palmas e dando vivas,que adoraria montar um cavalo marinho, mas que não devia haver nenhum ali. Os cavalos marinho moravam no mar, o domínio de sua avó. Obá pediu que ele fosse até ela, no rochedo, ela lhe emprestaria seu cavalo marinho e também um barco dourado para ele passear quando quisesse. O menino, que adorava cavalo marinho e barcos, já estava entrando nas águas do rio Obá, quando repentinamente um furacão o lançou pelos ares, conduzindo-o até a presença de Yemanjá, que dera pela falta do neto levado. De dentro do furacão saiu Oyá, a Senhora dos Ventos, que explicou á Yemanjá que Logun Edé esteve prestes a ser afogado pela rival de sua mãe. Sua irmã, Obá, que apesar de excelente pessoa estava se deixando levar pela paixão de forma reprovável. Os inocentes não devem pagar pelos pecadores.

domingo, 29 de maio de 2011

Melhor de Si


Um rico resolve presentear um pobre por seu aniversário e ironicamente manda preparar uma bandeja cheia de lixo e sujeiras. Na presença de todos, manda entregar o presente, que é recebido com alegria pelo aniversariante, que gentilmente agradece e pede que lhe aguarde um instante, pois gostaria de poder retribuir a gentileza. Então, aquele humilde senhor, vai até sua casa, joga fora o lixo, lava e desinfeta a bandeja, enche-a de flores, e devolve-a com um cartão, onde está escrito a seguinte a frase: "Cada um dá o que tem de melhor".
Por isso, não se entristeça com a "ignorância" das pessoas, não perca sua serenidade. A raiva faz mal à saúde, o rancor estraga sua alma e a mágoa envenena o coração. Domine suas reações emotivas... Principalmente as negativas, que não darão fruto algum.
Seja dono de si mesmo. Não jogue lenha no fogo de seu aborrecimento. Não perca sua calma. Pense, antes de falar, e não ceda à sua impulsividade.
"Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que outra pessoa morra".
Autor desconhecido

Obá é a Patrona das Famílias

As Yabás inscreveram-se em um concurso, o qual elegeria aquela que seria a patrona das famílias. Obatalá decidiria a disputa pelo título. Obá considerava-se feia e desengonçada, não queria inscrever-se. Era tímida demais e achava que não tinha chances de se eleger.Foi consultar Oromilaia que lhe disse que oferecesse um ebó para Yami, a grande Mãe ancestral. Obá ofereceu um presente para Yami ricamente arrumado dentro de uma cabaça cheia de dende e o depositou ao pé de uma árvore cajazeira. No dia do concurso, as Yabás compareceram. Yemanjá disse que era a Mãe das águas e por isso deveria ser a patrona das famílias. Nanã argumentou que era a mais velha e deveria vencer. Oxum falou que era a Mãe da vida e, portanto, o título deveria ser dela. Ewá frisou que era a Senhora do belo e deveria ganhar a disputa. Oyá ressaltou que ela era a Mãe de nove filhos, tinha de ser vitoriosa. Quando chegou a vez de Obá,  ela disse que não era nada. Era apenas uma esposa velha, traída e enganada, rejeitada pelo marido. Era apenas a pobre Advogada das causas impossíveis. Obatalá deu o titulo à Obá.

Obá é Possuída Por Ogum

Obá escolheu a guerra como um prazer na vida, enfrentava qualquer situação e assim procedeu com quase todos os Orixás. Um dia, Obá desafiou para Ogum uma luta, o valente guerreiro, o ardiloso Ogum, sabendo dos feitos de Obá, consultou os babalaôs, eles aconselharam-no a fazer oferendas de espigas de milho e quiabos, tudo pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia.
Ogum preparou tudo como foi recomendado e depositou o ebó num canto do lugar onde lutariam. Chegada a hora, Obá, em tom desafiador, começou a dominar a luta, Ogum levou-a ao local onde estava a oferenda, ela pisou no ebó, escorregou e caiu. Ogum aproveitou-se da queda de Obá, num lance rápido tirou-lhe os panos e a possuiu ali mesmo, tornando-se assim, seu primeiro homem.
Casaram-se e mais tarde Xangô roubou Obá de Ogum.

sábado, 28 de maio de 2011

Yemanjá Deu Origem ao Mar

Filha de Olokun, Yemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxóssi e Exu. Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu para as suas conquistas; Oxóssi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pela mundo.
Yemanjá vivia sozinha, mas sabia que seus filhos seguiam seus destinos e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.
Pensava: "Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparando surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxóssi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo"...
Yemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o, era Exu, seu filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu saudou-a e comentou:
- Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!
- O que está dizendo, filho? Eu não entendo!
- O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!
E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Yemanjá não poderia admitir jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta, dilacerou os seios da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no mundo”, sumindo no horizonte.
Caída ao chão, entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, Yemanjá pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador Olorun. E de seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo, dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros, na corte.
Deste modo, Yemanjá deu origem ao mar, procurou entender a atitude do filho, pois ela é a Mãe verdadeira e considerada a mãe não só de Ogum, Exu e Oxóssi, mas de todo o panteão dos Orixás.

Oxum Descobre os Segredos dos Búzios

Filha de Oxalá, Oxum sempre foi uma moça muito curiosa, bisbilhoteira, interessada em aprender tudo. Como sempre fora manhosa, além de muito mimada, conseguia tudo de seu pai, o deus do branco. Sempre que Oxalá queria saber de algo, consultava Ifá. O Senhor da adivinhação, para que ele visse o destino a ser seguido. Ifá, por sua vez, sempre dizia à Oxalá:
- Pergunte a Exu, pois ele tem o poder de ver os búzios!
E este acontecimento se repetia a cada vez que Oxalá precisava saber de algo. Isto intrigou Oxum, que pediu ao pai para aprender a ver o destino. E Oxalá disse à filha:
- Oxum, esse poder pertence a Ifá, que proporcionou a Exu o conhecimento de ler e interpretar os búzios. Isto não posso lhe dar!
Curiosa Oxum procurou, então, uma saída. Sabia que o segredo dos búzios estava com Exu e procurou-o para lhe ensinasse.
- Ensina-me, Exu! Eu também quero saber como ver o destino.
Ao que Exu respondeu:
-Não, não! O segredo é meu, e me foi dado por Ifá. Isso eu não ensino!
Exu estava intransigente. Oxum sabia disso e percebeu que não conseguiria nada com ele. Partiu, então, para a floresta, onde viviam as feiticeiras Yámi Oxorongá. Cuidadosa, foi se aproximando pouco a pouco do âmago da floresta. Afinal, sua curiosidade e a decisão de desbancar Exu eram mais fortes que o medo que sentia.
Em dado momento deparou-se com as Yámi, empoleiradas nas árvores. Entre risos e gritos alucinantes, perguntaram à jovem Oxum:
- O que você quer aqui mocinha?
- Gostaria de aprender a magia! Disse Oxum, em tom amedrontado.
- E por que quer aprender magia?
- Quero enganar Exu e descobrir o segredo dos búzios!
As Yámi, há muito querendo castigar Exu, resolveram investir na bela Oxum, ensinando-a todo o tipo de magia, mas advertiram que, sempre que ela usasse o feitiço, teria de fazer-lhes uma oferenda. Oxum concordou e partiu.
Em seu reino, Oxalá já se preocupava com a demora da filha que, ao chegar, foi diretamente ao encontro de Exu. Ao encontrar com ele, Oxum insistiu:
- Ensina-me a ver os búzios?
- Não e não! Já dei minha resposta.
Oxum, então, com a mão cheia de um pó brilhante, mandou que Exu olhasse e adivinhasse o que tinha escondido entre os dedos. Exu chegou perto e fixou o olhar. Oxum, num movimento rápido, abriu a mão e soprou o pó no rosto de Exu, deixando-o temporariamente cego.
- Ai! Ai! Não enxergo nada, onde estão meus búzios? Gritava Exu.
Oxum, fingindo preocupação e interesse em ajudar, perguntou a Exu:
- Eu os procuro, quantos búzios, formam o jogo?
- Ai! Ai! São 16 búzios. Procure-os para mim, procure-os!
- Tem certeza de que são 16, Exu? E por que seriam 16?
- Ora, porque 16 são os Odus e cada um deles fala 16 vezes, num total de 256.
- Ah! Sei. Olha, Exu, achei um, ele é grande!
- É Okanran! Ai! Ai! Não enxergo nada!
- Olha, achei outro, é menorzinho.
- É Eji-okô, me dê, me dê!
- Ih! Exu,. Achei um compridinho!
- E Etá-Ogundá, passa para cá....
E assim foi , até chegar ao último Odu. Inteligente, Oxum guardou o segredo do jogo e voltou ao seu reino. Deixou para trás Exu com os olhos ardidos e com a desconfiança de que fora enganado.
- Hum! Acho que essa garota me passou para trás!
No reino de Oxalá, Oxum disse ao pai que procurara as Yámi, e que com elas aprendera a arte da magia e que tomara de Exu o segredo do Jogo de Búzios. Ifá, o Senhor da adivinhação, admirado pela coragem e inteligência de Oxum, resolveu dar-lhe então, o poder do jogo e advertiu que ela iria regê-lo juntamente com Exu.
Oxalá quis saber ao certo o porquê de tudo aquilo e pediu explicações à filha. Meiga, Oxum respondeu ao pai:
- Fiz tudo isso por amor ao Senhor, meu pai. Apenas por amor!

Ilustração: Cláudia Krindges

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Maria Mulambo

Maria Mulambo nasceu em berço de ouro, cercada de luxo. Seus pais não eram reis, mas faziam parte da corte em um pequeno reinado. Maria cresceu bonita e delicada. Por causa de seus trejeitos, era chamada de princesa, mas não o era. Aos 15 anos, foi pedida em casamento pelo rei, para casar-se com seu filho de 40 anos. 
Foi um casamento sem amor, apenas para que as famílias se unissem e a fortuna aumentasse. Os anos se passavam e Maria não engravidava. O reino precisava de um sucessor ao trono. Maria amargava a dor de, além de manter um casamento sem amor, ser chamada de árvore que não dá frutos; nesta época, toda mulher que não tinha filhos era tida como amaldiçoada. 
Paralelamente a isso tudo, Maria era uma mulher que praticava a caridade, indo ela mesma aos povoados pobres do reino, ajudar aos doentes e necessitados. Nessas suas idas aos locais mais pobres, conheceu um jovem, apenas dois anos mais velho que ela, que havia ficado viúvo e tinha três filhos pequenos, dos quais cuidava como muito amor. Mulambo encantou-se. Foi amor à primeira vista, de ambas as partes, só que nenhum dos dois tinha coragem de assumir este sentimento. 
O rei morreu, o príncipe foi coroado e Maria então, foi declarada rainha daquele pequeno país. O povo adorava-a, mas alguns a viam com olhar de inveja e criticavam-na por não conseguir engravidar. 
No dia da coroação, os pobres súditos não tinham o que oferecer à Maria, que era tão bondosa com eles. Então fizeram um tapete de flores para que ela passasse em cima. Ela ficou muito emocionada; seu marido, o rei, morreu de inveja e ao chegar ao castelo trancou-a no quarto e deu-lhe a primeira das inúmeras surras que ele lhe aplicaria. Bastava ele beber um pouquinho e Maria sofria com suas agressões verbais, tapas, socos e pontapés. 
Mesmo machucada, ela não parou de ir aos povoados pobres praticar a caridade. Num destes dias, o amado de Maria, ao vê-la com tantas marcas, resolveu declarar seu amor e propôs que fugissem, para viverem intensamente seu grande amor. 
Combinaram tudo. Os pais do rapaz tomariam conta de seus filhos até que a situação se acalmasse e ele pudesse reconstruir a família. Maria fugiu com seu amor apenas com a roupa do corpo, deixando ouro e jóias para trás. O rei no princípio mandou procurá-la, mas como não encontrou-a, desistiu. 
Maria agora não se vestia com luxo e riquezas, usava roupas humildes que, de tão surradas, pareciam mulambos; mas era feliz. E engravidou. 
A notícia correu todo o país e chegou aos ouvidos do rei. O rei se desesperou em saber que ele é quem era uma árvore que não dava frutos. A loucura tomou conta dele ao saber que era estéril e, como rei, ele achava que isso não podia acontecer. Ele tinha de limpar seu nome e sua honra. Precisava fazer justiça.
Mandou seus guardas prenderem Maria, que de rainha passou a ser chamada de Maria Mulambo, não como deboche, mas sim pelo fato de ela agora pertencer ao povo. Ordenou aos guardas que amarrassem duas pedras aos pés de Maria e que jogassem-na na parte mais funda do rio. 
Os guardas cumpriram as ordens do rei. O povo não soube de nada. Sete dias após o crime, às margens do rio, no local onde Maria foi morta, começaram a nascer flores que nunca existiram ali e os peixes do rio somente eram pescados naquele local, onde só faltavam pular para fora d'água. 
Seu amado desconfiou e mergulhou no rio, procurando o corpo de Maria; e o encontrou. Mesmo depois de estar tantos dias mergulhado na água, o corpo estava intacto, dava a impressão de que Maria acordaria e voltaria a viver normalmente. Os farrapos que Maria vestia quando foi jogada ao rio sumiram. Suas roupas agora eram de rainha. Jóias cobriam seu corpo. 
O velório foi uma cerimônia digna de rainha e cremaram seu corpo. O rei enlouqueceu. O marido de Mulambo nunca mais casou e cultuou-a por toda a vida, a espera de poder encontrá-la de novo. No dia em que ele morreu e reencontrou Maria, no céu se fez o azul mais límpido e teve início a primavera.

Sobre Humilhação

Durante uma vida a gente é capaz de sentir de tudo, são inúmeras as sensações que nos invadem, e delas a arte igualmente já se serviu com fartura. Paixão, saudades, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo – sabemos reconhecer cada uma destas alegrias e tristezas, não há muita novidade, já vivenciamos um pouco de cada coisa, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música.

Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não protagoniza cenas de cinema nem vira versos com freqüência, e quando a gente sente na própria pele, é como se fosse uma visita incômoda. De humilhação que falo.

Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca no nosso devido lugar - que lugar é este que não permite movimento, travessia?. Geralmente são opressões hierárquicas: patrão-empregado, professor-aluno, adulto-criança. Respeitamos a hierarquia, mas não engolimos a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago porque sabemos que ele é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexo de inferioridade. Humilham para não se sentirem humilhados.

Mas e quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante: o desconhecimento sobre nós mesmos? Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios.

Nesses casos, não houve maldade, ninguém pretendeu nos desdenhar. Estivemos apenas enfrentando o desconhecido: nós mesmos, nossas fraquezas, nossas emoções mais escondidas, aquelas que julgávamos superadas, para sempre adormecidas, mas que de vez em quando acordam para, impiedosas, nos colocar em nosso devido lugar.

Martha Medeiros.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Oxalá Aprende a Comandar os Eguns

Nanã era tida por todos como uma grande justiceira. Qualquer problema que ocorresse, todos a procuravam para ser a juíza das causas. Mas sua imparcialidade era duvidosa. Os homens temiam a justiça de Nanã, pois dizia-se que ela só castigava a eles e premiava as mulheres. Nanã tinha um jardim com um quarto para eguns, que eram comandados por ela. Se alguma mulher reclamava do marido, ela mandava prendê-lo. Batia na parede chamando os eguns. E eles assustavam e puniam o marido e só depois, Nanã o libertava. Ogum foi reclamar a Ifá sobre o que ocorria. Segundo Exu, conhecido por ser bisbilhoteiro, Nanã queria dizimar os homens. Os Orixás enviaram Oxalufã nessa missão. Chegando à casa de Nanã, Oxalufã foi servido com ótima comida. Mas o velho pediu-lhe que fizesse um suco de igbins (caracóis). Oxalufã era muito sábio, fez Nanã beber o Omi Eró (a água que acalma). Fez também com que ela se apaixonasse por ele. Assim, ela foi se alcamando. Cada dia que passava, Nanã se afeiçoava mais a Oxalufã. Pouco a pouco ela foi cedendo aos pedidos de Oxalá. Mas até então, ela não havia mostrado a ele seu jardim. Um dia uma mulher procurou Nanã para queixar-se do marido, e ela, aconselhada por Oxalufã, quis ouvir ambos os cônjuges. Nanã havia realmente mudado. Mostrou de vez todo seu reino a Oxalufã, mas proibiu-o de entrar no Jardim dos Eguns. No entanto, Oxalá observou-a por algum tempo e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Um dia ela se ausentou de casa e ele vestiu-se de mulher e foi falar com os eguns. Com voz mansa como a da velha, Oxalá ordenou aos eguns que dali em diante eles atenderiam aos pedidos do homem que vivia na casa de Nanã. Quando voltou, Nanã foi surpreendida com a afirmaçao de Oxalá, que dizia que de agora em diante ele também mandaria nos eguns. Mesmo contrariada, ela acatou o que ele dissera, pois estava apaixonada pelo velho Oxalá, queria ter um filho com ele. Mas Oxalufã lhe disse que não poderiam ter esse filho, pois ambos tinham o mesmo sangue. Nanã preparou um comida contendo um pó mágico, o que fez com que Oxalufã adormecesse. Aproveitando-se do sono dele, Nanã deitou-se com ele e engravidou. Quando acordou, Oxalá ficou muito contrariado. Não podia mais confiar nela, pois ela se aproveitara de seu sono. E Oxalufã teve de abandonar Nanã. Abandonou-a e foi viver com Yemanjá.

Obá Queima os Pés de Oxum

Oxum e Obá, ambas esposas de Xangô, tinham rixa antiga, com ciúmes uma da outra. Mas conviviam bem, dentro do possível. Até que um dia Obá resolveu convidar Oxum para uma festa em seu palácio. Oxum, que era a convidada de honra, vestiu um belo vestido, enfeitou-se com jóias, perfumou-se e foi com sua comitiva até o palácio de Obá. Quando lá chegou, viu que havia um lindo e comprido tapete de pétalas de rosas, já no salão principal, estendido em sua honra. Então Oxum pisou no tapete descalça, como todos os Orixás sempre andam e teve uma desagradável surpresa; Obá pusera brasas escondidas debaixo das pétalas de rosas. Os pés de Oxum começaram a arder, mas ela altiva, não quis demonstrar nenhum sinal de dor, foi andando por todo o tapete sem reclamar, sorrindo majestosa para todos. Oxum nada falou com Obá. Ficou à espera de um dia em que pudesse responder à altura. Os pés de Oxum ficaram queimados e é por isso que até hoje ela pisa macio.

Esta lenda é narrada no livro "Oxum, A Mãe da Água Doce", de Luís Felipe de Lima. É uma passagem da tradição do Nagô de Alagoas. Segundos os mais velhos, essa história se passou antes do episódio em que as artimanhas de Oxum fazem Obá perder a orelha, o que mostra segundo as palavras do autor que “não foi Oxum quem começou tudo”.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ser Chique é...

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas, como nos dias de hoje. A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas. Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro italiano. 

O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida. 

Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa e dar passagem ao pedestre e evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor. É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção à sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite! 

No entanto, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.

Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem. Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!

Ewá, a Mãe do Segredo

Havia uma jovem e pura princesa chamada Ewá. Esta donzela era filha de um poderoso rei, Oxalá, que amava muito sua filha, na qual confiava mais do que em qualquer outra pessoa. Ewá era pura, graciosa, espiritualizada, calma e trabalhadora: o encanto do reino de Oxalá. Um dia, apareceu no reino um jovem guerreiro que a seduziu, e ela engravidou. Dizem que ela se apaixonara pelo grande guerreiro. Ewá resolveu esconder a gravidez, temia a reação de Oxalá se ele soubesse que ela se entregara a um homem sem antes casar. Ele acreditava que Ewá era uma menina ingênua e virgem. Desesperada e já sentindo as dores do parto, sem ter em quem confiar, fugiu do palácio real rumo à floresta, onde deu a luz a um filho homem. Sozinha, sem  ajuda, Ewá desmaiou após o parto. O menino foi recolhido por Yemanjá, que o levou para seu reino, dando-lhe o nome de Xangô. A dor que Ewá sentiu ao acordar e não encontrar seu filho foi tão grande que ela foi esconder-se no cemitério, mantendo o rosto coberto para que ninguém a reconhecesse. Para alguns a mulher que aparece no cemitério é uma assombração, para outros é a senhora das possibilidades: Ewá, a Mãe do Segredo.

Ewá Proíbe o Consumo de Galinha a Seus Filhos

Ewá era muito pobre e trabalhava como lavadeira. Sua vida era bastante difícil, ela era franzina, não tinha força para torcer as roupas muito bem, mas precisava trabalhar de qualquer maneira. Se não lavasse roupa, não teria o que comer. Levantava cedo, antes do nascer do sol, ia até o rio e se punha a lavar, estava desanimada com sua situação. Colocava as roupas no quarador bem próximo, e exausta, deitava na relva para descansar o corpo sofrido. Todo dia quando acordava, tomava um susto:parte da roupa lavada estava suja de terra. Como era muito resignada, lavava novamente. Um dia, resolveu fingir que dormia. Espantou-se ao ver que uma galinha vinha perto do quarador e sujava sua roupa de propósito. Por maldade. Ewá levantou-se rapidamente e enxotou a galinha má, jurando em voz alta que daquele dia em diante nem ela nem seus filhos teriam qualquer tipo de contato com aquela "ave imprestável". Os seguidores do Candomblé que tem Ewá respondendo em seu eledá (cabeça) não podem comer carne de galinha porque, como dizem, é uma quizila do Orixá. Esta lenda visa explicar o porque desta proibição alimentar. No Candomblé cada Orixá tem sua quizila, o que gera proibição de determinados alimentos aos seus filhos. Diferente da Nação, onde não precisamos banir qualquer tipo de alimento.

domingo, 22 de maio de 2011

Ewá Desilude-se com Xangô

Ewá, filha de Obatalá, vivia trancada em seu palácio. O amor de seu pai era possessivo. A fama de sua beleza chagava a toda parte. Um dia Xangô tomou conhecimento da beleza de Ewá. Mulherengo como era, ele planejou seduzir Ewá. Empregou-se no palácio sob o pretexto de cuidar dos jardins, quando na verdade seu verdadeiro intuito era o de aproximar-se de Ewá. Um dia ela apareceu na janela e deslumbrou-se com o jardineiro. Ewá nunca vira um homem assim tão fascinante.
Xangô deu-lhe muitos presentes. Deu à ela uma cabaça enfeitada com búzios, com uma obra por fora e mil mistérios por dentro, um pequeno mundo de segredos, um adô. Ewá então entregou-se a Xangô. Ele fez Ewá muito infeliz, até que ela renegou sua paixão.
Decidiu se retirar do mundo dos vivos e pediu ao pai que a enviasse a um lugar distante, onde homem algum pudesse vê-la novamente. Por isso Obatalá deu à Ewá o reino dos mortos, que os vivos temem e evitam. Desde então é ela quem domina o cemitério. Ali ela entrega à Oyá os cadáveres dos humanos, os mortos que Obaluaê conduz ao Orixá Oco. 
Oco devolve os corpos dos mortos à terra. Terra de Nanã, da qual foram um dia feitos. Ninguém incomoda Ewá no cemitério.

Candomblé: Erinlé

Erinlé é uma divindade Yorubá que tem culto localizado junto ao rio que leva seu nome, um afluente do rio Oxum que atravessa Ìlobùú, uma cidade do sul da Nigéria Ocidental, Ogbomoxo e Oxogbo, centro de comércio de produtos agrícolas como inhame, milho, mandioca, azeite de dendê, abóbora, feijão e quiabo. Caçador, pescador e médico botânico, neste aspecto muito similar a Ossanha.

Embora possa ser descrito como uma divindade hermafrodita, nas terras Yorubás é cultuado como uma divindade masculina. No candomblé Ketu, Erinlé é apresentado muitas vezes como Oxóssi Ibualama, um velho caçador, ou como Inlé, um jovem delicado. Certo é que Erinlé mora na floresta como Ossanha e Oxóssi, possuindo ligação com Okô, o Orixá da agricultura, e ao mesmo tempo nas águas como Yemanjá, Oxum e Otim. Dessa ligação com as águas se diz que Erinlé mora onde a água doce se encontra com a água salgada. Erinlé seria acompanhado por Abatan, sua contrapartida feminina, metade do equilíbrio masculino e feminino. Na Nigéria Erinlé tem vários caminhos (ibú): Ojútù, Álamo, Owáálá, Abátàn, Ìyámòkín, Àánú.

sábado, 21 de maio de 2011

Oxaguiã Inventa o Pilão

Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra, ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã. Gostava de guerrear e de comer, gostava muito de mesa farta, comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas seu preferido era o inhame amassado, jamais sentava-se à mesa para comer se faltasse inhame.
Seus jantares saíam sempre com atraso, pois era muito demorado preparar o inhame, por isso Elejigbô, o rei de Ejibô, estava sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Oxalá então consultou os babalaôs, fez oferendas a Exu e trouxe para humanidade uma nova invenção. O rei de Ejigbô inventou o pilão e com este invento ficou mais fácil preparar o inhame. Elejigbô conseguia então se fartar e fazer todas as suas guerras.
Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame, que todos agora o chamam de “Orixá Comedor de Inhame Pilado”, o mesmo que Oxaguiã no idioma local.

Ilustração: Claudia Krindges

Pomba Gira Rosa Caveira

Rosa Caveira viveu aproximadamente há 2300 anos A.C., na região da Mongólia, seus pais eram agricultores e eram proprietários de muitas terras. Ela era uma das 7 filhas do casal, sendo que seu nascimento, deu-se na primavera e sua mãe tinha um jardim muito grande de rosas vermelhas e amarelas, que circundava toda a casa. E foi nesse jardim que sua mãe lhe deu a luz. Seus pais além de agricultores, também eram feiticeiros, mas só praticavam o bem para aqueles que os procuravam, sua mãe tinha muita fé em um cruzeiro que existia atrás de sua casa, no meio do jardim, onde seus parentes estavam enterrados. No parto de Rosa Caveira, a mãe teve problemas, e o nascimento de Rosa estava muito difícil, sua mãe estava perdendo muito sangue, e corria o risco de morrer durante o parto. Foi quando a avó de Rosa Caveira, que já havia falecido há muito tempo, e estava sepultada naquele cemitério atrás de sua casa, vendo o sofrimento de sua filha, veio espiritualmente ajudá-la, então sua mãe com muita dificuldade, mas também com a ajuda de sua avó falecida, conseguiu dar a luz à Rosa Caveira, e como prova de seu amor à neta, a avó colocou em sua volta, várias Rosas Amarelas e pediu à sua filha que a batizasse com o nome de Rosa Caveira, pelo fato de ter nascido em um jardim repleto de Rosas e em cima de um Campo Santo (cemitério), e também por causa da aparência Astral de sua avó, que aparentava uma Caveira. E em agradecimento, a mãe de Rosa colocou uma Rosa Amarela em seu peito e segurando a mão de sua mãe, a batizou com o nome de Rosa Caveira do Cruzeiro, conhecida com o nome popular de Rosa Caveira.
Ela cresceu com as irmãs, mas sempre foi tratada de modo diferente por todas elas. Sempre que chegava seu aniversário, sua avó vinha visitá-la (espiritualmente), e por causa destas visitas e também pelo carinho que os pais tinham com ela, suas irmãs sentiam muito ciúmes e começaram a maltratar Rosa, debochar dela, chamá-la de amaldiçoada, pois havia nascido em cima de um Campo Santo e teve seu parto feito por uma morta, de caveira dos infernos. A cada dia que passava, Rosa ficava com mais raiva de suas irmãs. Então ela pediu a seus pais, que a ensinassem a trabalhar com a magia, mas não para fazer maldade, e sim para sua defesa, e ajuda de pessoas que por ventura fossem procurá-la. Sua avó veio dizer-lhe que ela deveria se cuidar, pois coisas muito graves estavam para acontecer. Seu pai muito atencioso ensinou-a tudo o que ela poderia aprender, e também mostrou como manejar espadas, lanças e punhais. Sua mãe lhe ensinou tudo o que poderia ser feito com ervas, poções, perfumes, e principalmente o que se poderia fazer em um Cruzeiro. Foi ai que suas irmãs ficaram com mais raiva ainda, pois ela estava sendo preparada para ser uma grande feiticeira, e sendo ajudada por seus pais e pela avó, e zombavam mais ainda dela, chamando-a de mulher misturada com homem e demônio, uma aberração da natureza, não por causa de sua aparência, pois ela era linda, mas sim por vir ao mundo nas mãos de uma Caveira (sua avó), e ter nascido em cima de um cemitério.
Suas irmãs casaram-se com agricultores da região, porém uma delas, a mais velha, se aperfeiçoou em Magia Negra, e por vingança e inveja do carinho e preparo que Rosa recebera, ela fez um feitiço e desta forma matou seus pais. Rosa com muita raiva, matou a irmã e seu marido. As outras irmãs com medo dela, juraram lealdade à ela e nunca mais zombaram dela. Rosa não se conformava com o fato da irmã ter assassinado os próprios pais, pois ela sabe que o amor deles era igual para todas as filhas, só deram mais oportunidades à Rosa porque ela sempre se mostrou mais interessada, teve mais iniciativa.
Aos 19 anos ela saiu ao mundo querendo descobrir algo novo em sua vida, foi quando ela conheceu um homem, que era mago e tinha 77 anos, e junto com seus 4 irmãos, ele foi ensinando à ela várias magias e feitiços. Tudo sobre a vingança, o ódio, a dor, pois esse homem era o Mago mais odiado e temido da redondeza pelos Senhores Feudais e Magos Negros. Vivia em um cemitério com seus 4 irmãos e discípulos. Ela aprendeu a ver o futuro e fazer várias Magias de um modo diferente, sempre usava um crânio tanto humano como de animal e em sua boca colocava uma rosa amarela, foi quando em uma de suas visões, viu suas irmãs planejarem sua morte. Ela por sua vez muito esperta, fez uma Magia, que matou todas elas. Após fazer isso ela voltou à companhia do mago, e com sua ajuda percorreu várias aldeias, causando guerras para fazer justiça e para livrar os povos dos Senhores Feudais, e também livrar esses povos de encantos de Magos Negros e Feiticeiros Malignos, e por causa disso ela era muito venerada, adorada e respeita por todos. Aos 99 anos, seu amado e mestre, morreu e ela assumiu seu lugar junto ao irmão mais velho do mago.
Aos 77 anos ela foi traída por um dos irmãos do mago falecido, o terceiro irmão, que entregou-a a um mago que estava a sua procura, este Mago era um dos mais temidos e perversos e sabia o ponto fraco dela. Com a ajuda desse irmão, ele matou-a. Degolou Rosa e entregou sua cabeça em uma bandeja de ouro rodeada de rosas vermelhas para os Espíritos dos Magos Negros. Após isso ela ficou aprisionada espiritualmente por esse mago, até ser liberta por seu amado e antigo mestre, o mago falecido, que entregou-a à falange de Exu Caveira. O irmão do mago que a traiu, foi morto 3 anos depois pela própria Rosa, que deu sua alma de presente a seu mestre, tornando-o assim seu escravo.
Foi ai que ela começou a trabalhar na linha das almas e ficou conhecida como Rosa Caveira (Pomba-Gira Guerreira e Justiceira), pois em sua apresentação astral ela vem em forma de mulher ou caveira, ou meio a meio sempre com uma Rosa amarela em suas mãos e uma caveira aos seus pés, caveira esta que representa, todos os inimigos que cruzam seu caminho.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Oxum é Concebida por Yemanjá

Um dia Oromilaia saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séquito. Em certo ponto deparou-se com outro cortejo, no qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Ele ficou impressionado com tanta beleza e mandou Exu, seu mensageiro, averiguar quem era ela. Exu apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Oromilaia, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Yemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.
Exu voltou à presença de Oromilaia e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Ele, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Yemanjá não atendeu ao seu convite de imediato, mas um dia foi visitá-lo.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Yemanjá ficou grávida depois da visita a Oromilaia. Ela deu a luz à uma linda menina. Como Yemanjá já tivera muitos filhos com seu marido, Oromilaia enviou Exu para se certificar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Oromilaia e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas marcas de nascença, que a criança mais nova de Yemanjá era de Oromilaia. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Oxum.

Ilustração: Claudia Krindges.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cigana Sete Saias

Cigana Sete Saias era uma moça muito linda que se apaixonou por um belo rapaz, porém ele não era cigano e por isso seu pai e sua mãe, que seguiam à risca todos os preceitos e tradições ciganas, não aprovaram o romance.
A moça não conformada, trancou-se em uma tristeza sem fim, perdeu a vontade de viver. Resolveu então fazer uma espécie de "greve de fome", deixou de consumir qualquer tipo de alimento, em parte para demonstrar sua insatisfação, sua tristeza com a incompreensão que vinha sofrendo, mas também porque realmente não sentia fome nem vontade de comer qualquer tipo de coisa. Sua mãe procurou preparar os pratos que ela mais gostava para ver se despertava o apetite ou o interesse da filha, mas foi em vão. Assim, em meio a tanta tristeza Sete faleceu. 
Sua mãe, em um remorso muito profundo, colocou dentro de seu caixão, junto aos seus pés suas 7 saias preferidas e seu baralho. Para que no astral pudesse jogar suas cartas e dançar, para então finalmente ser livre e feliz. Sua mãe rogou ainda que a Santa Sarah, protetora dos ciganos, acolhesse seu espírito.
Desta forma a Cigana Sete Saias tornou-se a guardiã dos amores impossíveis.

OBS: Não confundir Cigana Sete Saias com a Pomba Gira Sete Saias. São duas entidades diferentes.

Pomba Gira Sete Saias

Sete Saias teve sua vinda ao mundo marcada por muito sofrimento. Já na infância se dá o início de sua aflição. Sua mãe faleceu ao dar a luz à ela, por complicações no parto. Por isso, desde muito cedo sofreu constantes humilhações vindas de seu pai que passou a culpá-la pela morte da esposa que ele tanto amava.
Sete Saias cresceu e com o passar dos anos cresceram também os aviltamentos e já moça passa a ser forçada a fazer todas as vontades do pai, sendo tratada mais como uma serviçal do que como uma filha.
Sete Saias movara com o pai em uma choupana afastada do vilarejo e por esse motivo não via muitas perspectivas de felicidade em seu futuro.
Sete Saias acabou relacionando-se com os homens casados e ricos do povoado, vendo ali sua única satisfação. Mas a vida não lhe sorriu, devido aos seus envolvimentos e ao enredo de traições em que se envolveu,  as esposas traídas desejavam seu mal, a ponto de planejarem apedrejá-la.
Sete Saias tinha sete amantes e para cada um deles ela usava uma respectiva saia.
Estes amantes, enciumados entre si decidem arruinar a vida da moça, trancando-a em um casebre afastado, como modo de puní-la pela vida libertina que escolhera junto a eles. É então obrigada a alimentar-se de restos de vegetais que encontravam-se no interior de seu cárcere.
Com muito sufoco, e força de vontade de viver, derrubou uma parede velha do casebre feito de madeira. Rastejando pela fraqueza, encontrou uma estrada próxima, na qual passava uma caravana de ciganos que a acolheram. Tornando-se uma bela moça, que acabou casando com o filho do chefe do clã dos ciganos. Seu marido tornou-se um homem muito rico, e então recebeu o título de barão e ela tornara-se consecutivamente uma baronesa. Por vingança, ela desejou voltar ao lugar no qual fora tão maltratada e humilhada. O marido apaixonado e fiel, fez sua vontade, comprando o melhor e mais importante casarão daquele povoado. Ela organizou então, um lindo e farto baile de máscaras, e convidou a todos, sob o pretexto de apresentar a nova baronesa à sociedade.
Sete Saias desceu as escadarias do salão com sua bela máscara e um maravilhoso vestido. E todos os seus inimigos aplaudiram-na e reverenciaram-na, sem saber quem era a misteriosa mulher, que seria revelada somente no fim da festa. Ela chamou a todos ao centro do salão, ainda com a máscara, os convidados já estavam bêbados, retirou a máscara, revelando-se a todos. Os inimigos indignados por ela ser a mais rica baronesa da região, a qual deviam respeito, começaram a condená-la, principalmente seu pai, que num impulso começou a cobrar carinhos, que ele mesmo nunca teve com ela. E no soar de palmas, empregados adentraram o salão, carregando enormes barris de óleol. Os convidados pensaram que tudo fazia parte da cerimônia, ficaram aguardando os servos despejarem o óleo por tudo enquanto Sete Saias e seu marido saíram escondidos. Atearam fogo e incendiaram todo o espaço, matando e vingando-se assim, de todos os seus inimigos, chegando ao ponto de pedir ao condutor de sua luxuosa charrete que parasse em frente ao casarão afim de ver seus inimigos em chamas.
Suas últimas palavras a eles foram:
"Livrarei vocês de seus pecados com o fogo!"
Beijou seu esposo e seguiu viagem. Morreu aos 78 anos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Oração à Yemanjá

Oh Yemanjá! Sereia do Mar, canto doce, acalanto dos aflitos. Mãe do mundo tende piedade de nós. Benditas são as bençãos que vêm do teu reino. 
Meu coração e minha alma se abrem para receber as bençãos de Yemanjá. Mãe que protege, que sustenta, que leva embora toda a dor. Mãe dos Orixás. Mãe que cuida e zela pelos seus filhos e pelos filhos de seus filhos. Yemanjá, tua luz norteia meus pensamentos e tuas águas lavam minha cabeça. Odoci yabá. Omio Odoyá.

Rainha do Cruzeiro

Há quem confunda Rainha do Cruzeiro com Rainha das Sete encruzilhadas, são duas entidades de muito respeito, porém bem distintas. Rainha do Cruzeiro governa com o Exu do Cruzeiro das Almas, todos os cruzeiros centrais do campo santo, para os quais são enviados todas aquelas entidades que querem fazer parte do reino dos Exus e esperam suas distintas colocações. Para fazer parte desse povo maravilhoso, não basta querer, tem de merecer e ser capaz de assumir e cumprir todas as missões especificadas pelo astral médio e superior. A Pomba Gira do Cruzeiro trabalha para a Rainha das Sete Encruzilhadas, elas pertencem à mesma falange, mas suas funções se diferenciam no mundo astral.
A Rainha do Cruzeiro é uma pomba-gira muito exigente e muito fria no seu modo de agir, pois está  acostumada a lidar com espíritos mais perversos. Por isso quando vem ao mundo terreno, vem para brindar, e dançar, não gosta de muitas brincadeiras, faz a sua gira e já procura um lugar para sentar! Quando simpatiza com alguém esta pessoa já tem sua proteção de graça, mas quando não gosta faz questão de ignorar, mostrando que dela nada terão. 
Conta a lenda que o Senhor das Encruzilhadas, quando chegou no mundo astral, pegou a Gira do Cruzeiro como companheira e ela lhe mostrou todo o astral inferior, e nestas andanças ao limbo ele encontrou sua antiga mulher que era sua rainha na vida terrena, da qual nunca esqueceu e então passou a cuidá-la. Quando o Exu Mor nomeou o Senhor das Encruzilhadas como Rei das Sete Encruzilhadas ele ordenou que a Gira do Cruzeiro tomasse conta do astral inferior lhe dando o título de Rainha do Cruzeiro, em agradecimento por ela ter cuidado de sua esposa depois de desencarnada. Ele então foi viver com sua antiga mulher no médio astral, onde a entitulou Rainha das Sete encruzilhadas, dando a ela todos os poderes que a ele foi dado pelo o Exu Mor.
A Rainha do Cruzeiro se sentindo abandonada pelo Exu Rei, resolveu formar seu próprio reinado e nomeou o Exu do Cruzeiro das almas como seu fiel escudeiro.
Os dois juntos governam os reinos dos cruzeiros das almas, mas também recebem suas oferendas em encruzilhadas. É falso quando dizem que as duas Rainhas são uma só ou que ambas se odeiam. São Rainhas de reinos distintos, mas que muito se respeitam.

Rainha das Sete Encruzilhadas

Foi uma Rainha no seu tempo na terra, conta a história que ela foi uma linda cortesã que amarrou o coração de um Rei Francês que a tornou Rainha. Passaram-se alguns anos e o Rei veio a falecer. A Rainha passou então a tomar conta de seu reino sozinha, o que deixou alguns membros da corte indignados porque ela não teve filhos e tampouco parentes sangue azul para substituí-la após a sua morte. Devido à tenacidade da Rainha o seu trono começou a ser cobiçado por outros reinos o que trouxe muita preocupação para a política da corte, então o conselheiro real convenceu-a a casar-se novamente com um homem cujo o reino fosse ainda maior que o seu para juntos vencerem as batalhas e trazer ao reinado a paz e a tranquilidade que já não tinham mais. Um dia surgiu no castelo um homem que se dizia seduzido pela beleza da Rainha e dono de um reinado incalculável no oriente e a pediu em casamento, ela preocupada com o destino de sua corte e pela proteção de seu trono, aceitou a oferta de imediato e logo em seguida casaram-se. Não demorou muito a querida Rainha foi envenenada pelo seu atual marido que logo após se entitulou o Rei e começou a governar a corte da pior maneira possível. A saudosa Rainha após o seu desencarne chegou ao mundo astral muito perdida e logo começou a habitar o limbo devido a faltas graves que na terra havia cometido. Depois de algum tempo na trincheira das trevas do astral a Rainha foi encontrada pelo seu antigo Rei que no astral era conhecido como Senhor das encruzilhadas, este senhor passou a cuidá-la e incentivá-la a trabalhar ao seu lado para as pessoas que ainda viviam no plano material aliviando suas dores e guerreando com inimigos astrais. O feito deste casal no astral tornou-se tão conhecido e respeitado que o Exu Belo nomeou o Senhor das encruzilhadas como Rei das Sete Encruzilhadas e prontamente o Rei nomeou sua Rainha. Juntos eles passaram a reinar os caminhos das trevas e da luz e sob o seus comandos milhares de entidades subordinadas que fizeram do Reino das Sete Encruzilhadas o maior reino do astral médio superior. Passou-se muitos anos e o Rei que havia envenado a Rainha veio a morrer durante uma batalha, e foi resgatado pelos soldados da Rainha das Sete Encruzilhadas e levado até ela. O homem ainda atônito, sem entender o que estava acontecendo, se viu diante daquela poderosa mulher à qual foi obrigado a curvar-se e a servi-la para o resto da sua eternidade como castigo por tê-la envenenado. E hoje através de suas histórias compreendemos que o povo de Exu não são entidades perdidas do baixo astral e sim entidades respeitadas e de muita importância no mundo astral superior e inferior.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ewá Pede Ajuda a Oxumaré

Ewá é filha de Nanã. Ewá é o horizonte, o encontro do céu com a terra. É o encontro do céu com o mar. Ewá era bela e iluminada, mas era solitária e muito calada. Nanã, preocupada com sua filha, pediu a Oromilaia que lhe arranjasse um amor, um casamento para Ewá. Mas ela desejava viver só, dedicada à sua tarefa de fazer criar a noite no horizonte, e mandar o sol com a magia que guarda na cabeça, adô. Nanã porém, insistia em casar a filha.
Ewá pediu então ajuda a seu irmão Oxumaré. O Arco-Íris escondeu Ewá no lugar onde termina o arco de seu corpo. Escondeu Ewá por trás do horizonte e Nanã nunca mais pôde alcançá-la. Assim os dois irmãos passaram a viver juntos, lá onde o céu encontra a terra. Onde ela faz a noite com seu adô.

Sincretismo

O sincretismo nada mais é do que uma mistura de concepções religiosas. Logo que os escravos chegaram ao Brasil os brancos decidiram catequizá-los. Padres eram designados para ensinar e pregar os fundamentos e preceitos católicos. Os negros eram proibidos de qualquer prática religiosa que não fosse aquela aprendida aqui no Brasil. Então, para evitar represálias dos senhores de engenho, os escravos fingiram adaptar-se à nova fé. Para que pudessem continuar cultuando nossos Orixás os negros passaram a utilizar de imagens dos santos católicos. Atribuíram a imagem de um santo para cada Orixá, para isso procuraram os santos católicos que mais se adequasse e se identificasse com os santos afros. Em dia de batuque os escravos costumavam abrir um buraco no chão, dentro do qual eles depositavam as oferendas aos Orixás. Para esconder o buraco eles colocavam em cima uma pedra ou tronco de madeira. Em cima da pedra colocavam uma imagem de santo católico, geralmente a que tinham escolhido para corresponder ao Orixá que estava sendo homenageado. À noite então formavam uma roda em volta da pedra e dançavam e cantavam as rezas louvando os Orixás. Os brancos sem entenderem o idioma iorubá, acreditavam na conversão e achava até bonito a demonstração de fé dos negros com a nova religião.
Bará Lodê: São Pedro, quando faz ajuntó com Iansã.
São Benedito quando faz ajuntó com Obá.

Bará Lanã: Santo Antônio do Pão dos Pobres.

Bará Adague: Santo Antônio.

Bará Agelú: Menino no colo de Santo Antônio.

Ogum Avagã: São Paulo.

Ogum Onira, Olobedé e Adiolá: São Jorge.

Oyá Timboá: Santa Terezinha quando faz ajuntó com Ogum Avagã.

Oyá Dirã: Joana D’arc.

Oyá Niqué: Santa Bárbara sem o castelo.

Iansã: Santa Bárbara com o castelo.

Xangô Ibeje: São Cosme e São Damião.

Xangô Aganjú: São Miguel Arcanjo.

Xangô Agodô: São Jerônimo quando faz ajuntó com Iansã.
São João Batista quando faz ajuntó com Oxum Olobá.

Odé: São Sebastião.

Otim: Santa Bernadete.

Obá: Santa Catarina.

Ossanha: São Cristóvão quando faz ajuntó com Oxum Demun.
São Judas Tadeu quando faz ajuntó com Yemanjá Bocí.

Xapanã Jubeteí: São Roque quando faz ajuntó com Oyá.
São Lázaro quando faz ajuntó com Obá.

Xapanã Belujá: Jesus Cristo crucificado quando faz ajuntó com Iansã.
Senhor dos Passos quando faz ajuntó com Oxum Olobá.

Xapanã Sapatá: Jesus Cristo crucificado quando faz ajuntó com Iansã.
São Lázaro quando faz ajuntó com Obá.

Oxum Ibeje: Nossa Senhora de Fátima.

Oxum Pandá: Nossa Senhora de Fátima quando faz ajuntó com Bará Agelú.
Nossa Senhora do Rosário quando faz ajuntó com Ogum Adiolá.
Nossa Senhora de Lourdes quando faz ajuntó com Xangô Aganjú.
Nossa Senhora das Graças quando faz ajuntó com Oxalá Bocum.
Imaculada Conceição quando faz ajuntó com Oxalá Olocum.
Sagrado Coração de Maria quando faz ajuntó com Oxalá Olocum.

Oxum Demun: Nossa Senhora de Aparecida.

Oxum Olobá: Nossa Senhora do Carmo quando faz ajuntó com Xangô Agodô.
Nossa Senhora Medianeira quando faz ajuntó com Xapanã Belujá.

Oxum Docô: Nossa Senhora da Conceição.

Yemanjá Bocí e Iemanjá Bomí: Nossa Senhora dos Navegantes.

Yemanjá Nanã Borocum: Sant’Anna.

Oxalá Bocum e Oxalá Olocum: Menino Jesus de Praga.

Oxalá Dacum: Sagrado Coração de Jesus.

Oxalá Jobocum: Divino Espírito Santo (pomba).

Oxalá Oromilaia: Santa Luzia.