Oxum e Obá, ambas esposas de Xangô, tinham rixa antiga, com ciúmes uma da outra. Mas conviviam bem, dentro do possível. Até que um dia Obá resolveu convidar Oxum para uma festa em seu palácio. Oxum, que era a convidada de honra, vestiu um belo vestido, enfeitou-se com jóias, perfumou-se e foi com sua comitiva até o palácio de Obá. Quando lá chegou, viu que havia um lindo e comprido tapete de pétalas de rosas, já no salão principal, estendido em sua honra. Então Oxum pisou no tapete descalça, como todos os Orixás sempre andam e teve uma desagradável surpresa; Obá pusera brasas escondidas debaixo das pétalas de rosas. Os pés de Oxum começaram a arder, mas ela altiva, não quis demonstrar nenhum sinal de dor, foi andando por todo o tapete sem reclamar, sorrindo majestosa para todos. Oxum nada falou com Obá. Ficou à espera de um dia em que pudesse responder à altura. Os pés de Oxum ficaram queimados e é por isso que até hoje ela pisa macio.
Esta lenda é narrada no livro "Oxum, A Mãe da Água Doce", de Luís Felipe de Lima. É uma passagem da tradição do Nagô de Alagoas. Segundos os mais velhos, essa história se passou antes do episódio em que as artimanhas de Oxum fazem Obá perder a orelha, o que mostra segundo as palavras do autor que “não foi Oxum quem começou tudo”.
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