Ewá, filha de Obatalá, vivia trancada em seu palácio. O amor de seu pai era possessivo. A fama de sua beleza chagava a toda parte. Um dia Xangô tomou conhecimento da beleza de Ewá. Mulherengo como era, ele planejou seduzir Ewá. Empregou-se no palácio sob o pretexto de cuidar dos jardins, quando na verdade seu verdadeiro intuito era o de aproximar-se de Ewá. Um dia ela apareceu na janela e deslumbrou-se com o jardineiro. Ewá nunca vira um homem assim tão fascinante.
Xangô deu-lhe muitos presentes. Deu à ela uma cabaça enfeitada com búzios, com uma obra por fora e mil mistérios por dentro, um pequeno mundo de segredos, um adô. Ewá então entregou-se a Xangô. Ele fez Ewá muito infeliz, até que ela renegou sua paixão.
Decidiu se retirar do mundo dos vivos e pediu ao pai que a enviasse a um lugar distante, onde homem algum pudesse vê-la novamente. Por isso Obatalá deu à Ewá o reino dos mortos, que os vivos temem e evitam. Desde então é ela quem domina o cemitério. Ali ela entrega à Oyá os cadáveres dos humanos, os mortos que Obaluaê conduz ao Orixá Oco.
Oco devolve os corpos dos mortos à terra. Terra de Nanã, da qual foram um dia feitos. Ninguém incomoda Ewá no cemitério.
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